Professor José Roberto Vieira Lima, Belo Horizonte-MG, colunista do Jornal Hoje em Dia, Palestrante, Escritor, Advogado, Pós Graduado em Direito Público, Mestre em Direito pela UNICEM da Argentina, Mestre Jurídico e Políticas de Segurança Pública, Mestre em Direito Penal e Processo Penal, Professor das Faculdades Promove, Fundador da Delegacia da Mulher em Belo Horizonte, Delegado Federal Aposentado, autor do Livro Como Passei em 16 Concursos Públicos que está na 5ª edição, venda nos seguintes locais:
Cargo público e carteira funcional – Parte I
Umas das primeiras missões que coordenei consistiu em designar policiais para uma investigação confidencial num município interiorano. No dia seguinte, o sargento que comandava o policiamento naquela cidade me ligou:
– Eu posso identificá-los e pedir que me mostrem a carteira?
– Claro. Peça-lhes a carteira funcional.
Umas duas horas após, o sargento voltou a me ligar: “Eu não tinha dúvida de que eram policiais mesmo. Mas eu pedi para identificá-los porque eu nunca tinha visto a carteira da Polícia Federal. Era a minha chance de saber como ela é”.
A carteira de um funcionário público desperta fascínio mesmo. Mas o respeito é conquistado pela postura condizente com o cargo exercido.
Para ilustrar esse tema, veja aqui um trecho do filme “Os Intocáveis”. E acompanhe os comentários nos minutos e segundos que destacarei:
Em 00min:50seg:
“I am proud of you”. Esse bilhete da esposa, em que ela diz “estou orgulhosa de você”, perdeu o valor para o heroico Eliot Ness, o policial que coordenou as investigações contra Al Capone. Afinal, ele teve um dia de fracasso.
Nesse contexto, um policial fardado caminha pela ponte e presencia o momento em que Eliot Ness lança ao rio o bilhete da esposa.
Em 01min:00seg:
“Quer jogar o lixo fora? Por que não joga na lata de lixo?
Do ponto de vista de Eliot, com seus fracassos momentâneos, jogar fora um papelzinho não tem nenhuma importância. E vem a resposta dele, que poderia configurar o crime de desacato: “Não tem coisa mais importante para fazer, não?”
Esse é o típico evento que poderia gerar desinteligência e conflito entre os dois policiais. Mas eis a resposta do policial: “Tenho. Mas no momento não estou fazendo nada”.
Em 01min19seg:
É nesse momento que surge o fascínio pela carteira. Em vez de se apresentar amistosa e verbalmente, Eliot Ness enfia a mão no paletó para tirar sua carteira funcional. O policial toca o peito do oponente com o cassetete de madeira e ouve-se o tilintar de metal.
Então, concluindo que se trata de uma arma, e já supondo que o oponente é um colega, questiona: “Ok, parceiro. Para que a pressa? Por que está armado?”
Se Eliot estivesse diante de um colega menos experiente, poderia ter perdido a vida. Afinal, seria razoável supor o saque de uma arma. E tudo por causa da ânsia de mostrar a carteira. Mas ele teve oportunidade de dizer: “Eu sou agente do Tesouro”.
Diante dessa resposta, o policial fardado comenta, antes de seguir seu caminho: “Está bem. Mas não se esqueça do que conversamos”. Eliot fica intrigado e questiona: “Você acabou de virar as costas para um homem armado”.
– Você é agente do Tesouro.
– Como é que você sabe? Foi eu quem lhe disse que era.
– E quem diria isso, se não fosse verdade?
Essa sábia resposta desarmou o grande Eliot Ness. De repente, ele se deu conta de que a postura pode valer mais que a carteira.
Então, você que está na luta para passar num concurso, pense nisso. A carteira, em muitos casos, serve para nos identificarmos mesmo. Mas a postura, condizente com o cargo exercido, costuma valer muito mais.
Desejo a todos bons estudos.
* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como Passei em 16 Concursos” e “Pedagogia do Advogado”.
Escreve neste espaço às quartas-feiras:
https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/jose-roberto-lima











